Divulgação informativa e cultural da Escola Secundária/3 Camilo Castelo Branco - Vila Real

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

A Entrevista

O Blogue "À Procura" irá publicar uma série de entrevistas realizadas por alunos do Ensino Secundário, no âmbito da disciplina de Português. Agradecemos a vossa visita.

Entrevista com Marta de Vasconcelos Leite
"POLÍTICA PARA UM JOVEM”
Numa época em que os jovens consideram a política uma actividade desmotivante, descobrimos alguém que se interessa e está bem por dentro do assunto. Marta de Vasconcelos Leite tem 17 anos e já é membro da Comissão Política Concelhia de uma Juventude Partidária.

Nós: Marta, com que idade é que começou a interessar-se pela política?
Marta: Filiei-me numa Juventude Partidária aos 14 anos, que é a idade mínima exigida. No entanto, só alguns anos mais tarde é que me surgiu o verdadeiro interesse pela actividade democrática e partidária, apesar de sempre ter tido uma ideologia muito fomentada por familiares mais próximos.

N: Como é que concilia a sua vida política com a sua vida escolar?
M: Nem sempre é fácil, porque tenho que cumprir com as responsabilidades que assumi, mas tento sempre entender como principal prioridade os estudos, o que por vezes significa faltar a algum compromisso no âmbito da política. O essencial para esta conciliação é muito empenho e dedicação nos projectos em que estou envolvida, o que, por vezes, implica abdicar de alguns aspectos da vida pessoal.

N: Actualmente exerce alguma actividade política, quer a nível escolar, quer a nível extra-curricular?
M: Actualmente ocupo o cargo de Vice-Presidente da Associação de Estudantes, que não é exactamente uma actividade política, mas que está inserida no Movimento Associativo Juvenil que, a meu ver, é a base para uma vida cívica activa. Fui recentemente eleita deputada da Escola Secundária/3 Camilo Castelo Branco para a Sessão Distrital do projecto Parlamento dos Jovens, uma parceria entre a Assembleia da República (AR) e o Instituto Português da Juventude (IPJ). E sou membro da Comissão Política Concelhia de uma Juventude Partidária.

N: E o que acha desta parceria entre a AR, o IPJ e as escolas de todo o país?
M: Acho que é um projecto muito importante, na medida em que funciona como um incentivo aos jovens para a actividade política, para a discussão e para o debate, fundamentos da nossa democracia. No entanto, o facto de, grosso modo, as nossas propostas não serem alvo de discussão na AR, tem contribuído para a ineficácia deste projecto, no que diz respeito à máxima “Política para os jovens, pelos jovens”. O mesmo acontece, por exemplo, com os Concelhos Municipais da Juventude, cuja função consultiva nunca é respeitada, e onde a participação dos jovens é, por isso, diminuta. Relativamente ao Parlamento dos Jovens, o preconceito de que as nossas ideias não são escutadas tem contribuído para os fracos níveis de participação a nível escolar.

N: Que acontecimento da política mundial a marcou mais nestes 17 anos de existência?
M: O 11 de Setembro de 2001 - cujas consequências são prolongadas e evidentes a nível internacional: foi a prova da vulnerabilidade da única super-potência mundial e consequente violação dos Direitos Humanos com a prisão de Guantanamo - e o início da Guerra no Iraque. Também me marcou a eleição do Presidente Obama, que trouxe um fôlego de esperança ao mundo livre e às democracias.
N: Por que acha que a política é importante para os jovens?
M: Acho que é importante termos uma juventude informada e participante, particularmente a nível político, porque no fundo são os jovens que são os políticos de amanhã e são os responsáveis pelo progresso do seu país e no Mundo.
N: Para si, quais são as principais causas do desinteresse dos jovens pela política?
M: A nível nacional, a mediatização da política e o aumento do número de escândalos, explorados por uma comunicação social mesquinha, que têm contribuído para uma descredibilização da classe política e o consequente desinteresse da juventude e do eleitor em geral. A falta de formação a nível escolar, promovida no período do Estado Novo, mas que já não se justifica, explica também a falta de cidadãos informados e interessados na regência do país.

N: O que acha da actual política nacional?
M: Acho que Portugal deu um passo muito importante com a assinatura do Tratado de Lisboa. Caminhamos para uma Europa mais unida, mais coerente , mais coesa e mais capaz de assumir uma posição competitiva no quadro das potências mundiais. É importante para um país periférico como Portugal estar inserido num projecto progressista como este. A nível nacional, é importante realçarmos que temos uma relativamente jovem democracia e, nesse âmbito, podemos nem estar perto do ideal utópico de nação, mas muitos foram os progressos nas últimas quatro décadas.

N: Tem algum projecto político para o futuro?
M: Num futuro próximo, tenho as eleições para a Federação Distrital de Vila Real da minha Juventude Partidária, bem como a sessão distrital do Parlamento dos Jovens. A longo prazo, não pretendo fazer da política vida, mas quero sempre a política na minha vida. Por outras palavras, encaro a política como o meio essencial para uma vida cívica activa e considero que ter ideias formuladas relativamente à política nacional e internacional é um direito e simultaneamente um dever dos cidadãos.

Texto e fotografia (Marta Leite e Bárbara Fontes num Comício/ Marta Leite num momento formal da entrevista)
Bárbara Fontes, nº8,10ºB
Pedro Baptista, nº22, 10ºB

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