Divulgação informativa e cultural da Escola Secundária/3 Camilo Castelo Branco - Vila Real

terça-feira, 9 de junho de 2015

«Surpresas de agosto»


O meu irmão Tiago e eu andávamos, desde o mês passado, colados a um novo programa de televisão que passava todas as noites na TVI. O programa consistia em partidas, ou seja, as pessoas ligavam para a TVI e pediam que os “jornalistas” que eram atores, pregassem partidas aos seus amigos, os gravassem e entrevistassem após essas mesmas partidas.
            Eu e o meu irmão ríamo-nos imenso da cara de parvos que faziam as pessoas que caíam nas partidas e no quanto se divertiam os atores.
            Contudo, nessa semana não íamos poder ver o tal programa porque eram as férias de verão e íamos passá-las num castelo em Arezzo, na Itália, e tínhamos descoberto que o castelo não possuía televisão. Como é óbvio, estávamos tramados e ainda por cima uma senhora disse que o castelo próximo da vila era assombrado.
            A semana seguinte chegou e lá partimos nós com os nossos pais. Os dias foram passando e lá nos fomos entretendo, dando longos passeios, correndo e andando de bicicleta.
            Numa determinada noite, os nossos pais decidiram ir sozinhos ao cinema local que era um pequeno teatro abandonado e que agora servia de cinema, deixando-nos aos dois em casa. Ficámos eufóricos, pois tínhamos decidido montar as nossas tendas na sala e comer pizza durante toda a noite, enquanto jogávamos joguinhos de tabuleiro ou na nossa Nintendo.
      E assim foi. Contudo, a meio da noite, estávamos a pensar em dormir, quando começou a aparecer um líquido vermelho no chão que parecia sangue e, momentos depois, as luzes apagaram-se. O Taylor começou a gritar como uma menina e eu, embora estivesse assustado, tentei perceber o que se estava a passar.
         De repente, a porta da sala abriu-se e apareceu um casal de fantasmas e começaram a dizer que tinha chegado a nossa vez. Gritamos a plenos pulmões, mas fomos interrompidos com o barulho da chave a rodar na porta principal – eram os nossos pais que tinham acabado de chegar.
            As luzes, o barulho, tudo tinha acabado. Contámos tudo aos nossos pais, mas eles não acreditaram em nós. Disseram que era tudo imaginação e riram-se. Fomos todos deitar-nos e, desta vez, não ficámos nas tendas na sala, mas sim no quarto que partilhávamos.
            Mal nos deitámos, começaram novamente os barulhos e as luzes e fomos a correr ter com os nossos pais que nos levaram para a sala. O ruído e a luz continuaram durante mais uns minutos, até que tudo parou e começámos a ouvir risos que provinham do jardim.
            Abrimos a porta que dava para o jardim e demos de caras com os “jornalistas” e os seus colegas do nosso programa favorito. Eles explicaram-nos que aquilo tudo não tinha passado de uma partida e que tinha sido a pedido dos nossos pais.


Daniel Vilela e Daniela Gonçalves - 10.º I Vocacional - 2015



Este texto foi produzido na aula de Português, após a audição do início do conto homónimo de Gabriel García Márquez que a seguir se transcreve:

Chegámos a Arezzo pouco antes do meio-dia e per­demos mais de duas horas à procura do castelo renas­centista que o escritor venezuelano Miguel Otero Silva comprara naquele recanto idílico da campina toscana. Era um domingo de princípios de agosto, ardente e bu­liçoso, e não era fácil dar com alguém que soubesse fosse o que fosse no meio das ruas a abarrotar de turistas. Ao cabo de múltiplas tentativas inúteis, regressámos ao au­tomóvel, saímos da cidade por um caminho de ciprestes, sem sinais de trânsito, e uma velha guardadora de gansos indicou-nos com precisão o local onde ficava o castelo. Antes de se despedir de nós, perguntou-nos se pensáva­mos pernoitar por lá e nós respondemos-lhe, segundo o que prevíramos, que íamos só para almoçar.
- Menos mal - disse ela - porque a casa está assom­brada.[…]


Pode-se ler o conto na íntegra aqui:

Imagem: http://images.forwallpaper.com/files/thumbs/preview/58/581417__haunted-house_p.jpg

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